quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Pensamentos sobre travesseiros, literalmente...

No sentido denotativo (leia-se, conforme o dicionário), pode-se definir travesseiro como uma almofada comprida, alocada geralmente na cabeceira da cama, usada para repousar a cabeça durante o sono. Fazem parte da família etimológica do travesseiro, as palavras atravessar, de través e através (de través é ótima, especialmente porque ninguém usa essa expressão, nem a Tia Maricotinha da 4ª série B usava), embora não se consiga, de primeira, fazer qualquer relação entre travesseiro e atravessar (só se, por mais tosco que pareça - a idéia do criador da palavra em português era sugerir o atravessamento do mundo real para o dos sonhos).


Na Bíblia pode-se apontar um dos mais antigos relatos sobre o travesseiro, quando narra a noite em que Jacó dormiu sozinho, fugido de seu pai e seu irmão (Gênesis 28:10-11). Segundo o relato bíblico o travesseiro de Jacó não era em nada parecido com os de hoje. Muito pelo contrário, o dele não era nem um pouco macio, pois era uma pedra. Dessa história se extrai que não necessariamente o travesseiro precisava ser confortável para ser rotulado como tal. Se bem que não deveria ser tão desconfortável assim, já que não há relatos de que Jacó tenha acordado com um baita torcicolo na manhã seguinte.


Numa visão mais histórica do travesseiro, verifica-se ele está por debaixo das cabeças da humanidade há milhares de anos, pois já foi encontrado em tumbas de faraós do Egito Antigo e entre comunidades da China Antiga, da Pérsia e da Europa Medieval.


Ao longo da história, dá para perceber que, aos pouquinhos, nós fomos ficando mais exigentes (pensamos nós, mais espertos), tanto no quesito conforto quanto no quesito estética, e começamos a fabricar travesseiros mais softs. Hoje temos uma infinidade de travesseiros diferentes fabricados de paina, algodão e microfibras (que são os mais baratos e razoavelmente confortáveis), espuma (estes apresentam versões desde  de flocos de espuma até composição com látex) e, claro, para aquelas pessoas que não dispensam luxo e nobreza, e adoram deixar os ambientalistas de cabelo em pé,  os de plumas e penas de ganso.


Paralelos aos travesseiros tradicionais há aqueles com propriedades fantásticas (pelo menos é o que dizem), como os travesseiros magnéticos, que prometem curar desde unha encravada até câncer na próstata (talvez nem tanto, mas prometem muita coisa que simplesmente não dá para engolir), e os travesseiros antirronco, que apresentam versões simples com três almofadinhas até versões tecnológicas e moderninhas controladas por computador (por serem nossos travesseiros prediletos, vamos voltar neles, numa próxima oportunidade, com mais detalhes).


Para os protetores dos pobres gansos depenados, há os travesseiros verdes (aromaterapêuticos), feitos com ervas que teoricamente melhoram o sono (geralmente são de camomila, alecrim ou macela, para acabar com dor-de-cabeça, insônia e tranqüilizar o usuário), mas na verdade só emitem cheiro (o que certamente causa insônia, dor-de-cabeça e muito outros efeitos colaterais aos alérgicos de plantão).


Claro que não se poderia esquecer dos famosos travesseiros de astronautas. Sim, aqueles de viscoelástico (popularmente conhecidos como da NASA), que são a nova mania nacional. Prometem distribuir uniformemente a pressão da cabeça sobre o travesseiro melhorando a posição do pescoço (como se os outros modelos fizessem você desaparecer dentro deles para nunca mais ser encontrado), fazendo você se sentir, como diz o fabricante, “deitado sobre uma nuvem” (gostaria saber quem foi cidadão que conseguiu a proeza de deitar sobre uma nuvem e depois nesse travesseiro, para fazer o comparativo).


Enfim, ao contrário da época de Jacó, hoje não há como se conceber reclamações de insônia pela falta de opções no campo dos travesseiros, mas, talvez, a dúvida por qual deles escolher seja o que tira o sono de muita gente.


De qualquer forma, com o sono que estamos, ficamos com os nossos, que são velhinhos, em partes fedidos e dão dor no pescoço, mas nessa hora dão de 10 a 0 em qualquer um desses mencionados. Boa Noite.

Por que "de travesseiro"?

Quem nunca se pegou na cama, pensando na vida ou inventando histórias antes de dormir? Pois é, nós também fazemos isso o tempo todo.


Sempre ficamos vários minutos, às vezes até horas, conversando sobre o dia, dando opiniões sobre os mais variados temas ou até inventando histórias sobre coisas comum da vida, especialmente da vida alheia.


Quebramos a cabeça em assuntos complicados (digamos "filosóficos"), damos risada das coisas mais bobas que enfrentamos ou presenciamos e choramos com coisas que nos afetam de alguma forma, ou que eram tão engraçadas que chegamos a lacrimejar.


Quando paramos para ver a quantidade de coisas que já tínhamos conversado a respeito, achamos que daria um livro. Mas, como a vida de casal novo é sempre apertada financeiramente (e também não conhecemos nenhum editor bonzinho) optamos por este blog.


Embora talvez ele nunca fique sabendo da existência deste blog, e mesmo que saiba não vai entender nada, agradecemos ao Bill Bryson por sua escrita espontânea e irreverente, que muitas vezes proporcionou vários temas para discutirmos e também definiu a tônica das nossas futuras postagens. Agradecemos também a Deus (sim, veio em 2º lugar, porque não é o Deus que você está pensando), do blog Um Sábado Qualquer, por sua inteligência e sagacidade, que provém da criatividade de Carlos Ruas, que também nos garantiu várias oportunidades de riso e nos mostrou como um blog pode fazer sucesso com ideias simples. Sonhamos um dia retribuir de alguma forma, talvez contribuindo com ideias (sei lá, talvez uma tirinha dedicada à divina criação do travesseiro =P ).


Ah, sonhos...por falar nisso, bons sonhos. Boa noite.